Alguns DOCUMENTOS

Material de formação: Minicurso Movimentos Sociais e Juventude


APRESENTAÇÃO


A proposta de realização do Minicurso Movimentos Sociais e Ju-ventude nos municípios de Alcântaras, Coreaú e Frecheirinha retrata a notada necessidade do fortalecimento dos espaços de discussão da temática jovem sob a perspectiva do exercício pleno da cidadania.

Sendo assim, buscamos com essa iniciativa não somente o re-passe teórico de conceitos e relatos históricos dos movimentos sociais no Brasil e no Mundo, mas, sobretudo, a construção de conhecimento a partir de onde os jovens estão e de como enxer-gam a si mesmos e às suas comunidades.

Gerar condições para um diagnóstico mais crítico da realidade é uma de nossas mais fundamentais metas. Fazer com que os jo-vens que constituem hoje o movimento Rede de Juventude para Cidadania possam se posicionar, enquanto cidadãos que são, por direito e por dever, como sujeitos históricos na luta por avanços sociais nas suas localidades e, a partir destas, com efeitos de amplitude maior, o nosso principal desafio.

Buscamos, portanto, trabalhar a juventude numa ótica de liber-tação; incitando, assim, uma postura protagonista por parte desse público.
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PAPEL SOCIAL DO JOVEM ENQUANTO SUJEITO HISTÓRICO

Os jovens ao longo da História se mostraram propulsores de diversos movimentos sociais, buscando a conquista e efetivação de direitos. A rebeldia, no sentido de questionamento da ordem dominante, é uma das características preponderantes da juventude. Podemos citar vários exemplos históricos que comprovam tal afirmação, como o movimento dos caras pintadas no ano de 1992, que teve como objetivo impedir o mandato do então presidente Fernando Collor de Melo, ou ainda, acontecimentos mais recentes, como a queda da ditadura egípcia, ambos marcados pela presença jovem maciça.

Admitindo essa característica da juventude podemos, então, nos perguntar: o que faz dos jovens potenciais questionadores da realidade e, ainda, potenciais promotores de uma nova ordem (revolucionários)?

Na medida em que percebemos que existem disparidades sociais e que, partindo dessa percepção, perguntamo-nos se as coisas deveriam ser do jeito como se apresentam, se a ordem dominante diz respeito aos interesses de todos ou apenas aos de uma pequena minoria de privilegiados, adquirimos uma postura crítica frente à realidade, tomando distância para enxergá-la sob uma nova perspectiva. Daí surge tomarmos tal visão como intrínseca a juventude, visto que o jovem (questionador que é) passa a não admitir “verdades” prontas, não se contentar com o que lhe disseram ser certo sem antes avaliar criticamente. “Ninguém é pobre porque tem que ser” – pensa o jovem cidadão – “mas porque existem estruturas sociais que o propendem a viver do jeito que vive”.

Dessa maneira, se atém para o Mundo de modo a perceber que existem falhas na tessitura social que devem ser corrigidas pelos que a compõem, os cidadãos, sobretudo pelos que estão no lado desprivilegiado da balança. Disso resulta o que, partindo da concepção socialista, chamamos de luta de classes: os desprivilegiados lutando por seus direitos e os privilegiados lutando para manter a ordem imposta. Daí é que nascem os movimentos sociais legítimos, do descontentamento com as desigualdades.

Vivenciamos todo dia momentos em que se torna claro o quanto é injusta nossa sociedade, que ela não foi pensada para todos, somente para alguns. Se não foi pensada para todos, logo, ao perceber isso, devemos lutar para moldá-la segundo os interesses coletivos, repensar a lógica do poder. Ser sujeito histórico é tomar uma postura ativa na sociedade, participando dos espaços de discussão, cobrando direitos, igualdade.

Ser jovem é se portar frente às oportunidades de participação como protagonista. Defender o cumprimento dos direitos conquistados e lutar pela conquista de outros que ainda não são reconhecidos. É lutar a todo custo contra a corrupção do poder público, que é quando deixa de se preocupar com o direito de todos para privilegiar alguns. Para tanto, os jovens devem estar organizados. Povo desorganizado é povo esquecido.
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JUVENTUDE EM REDE: UMA IDÉIA EM CONSTRUÇÃO - Uma contribuição à Rede de Juventude

As pessoas, as instituições e os animais vivenciam o princípio de REDE. Insetos sociais como as formigas saúvas e as abelhas atuam coletivamente: operárias, jardineiras, soldados, zangão e uma única rainha formam uma sociedade em rede chamada colméia. Todas as abelhas atuam para conservar, reproduzir um grande plano coletivo da espécie e do cumprimento das Leis da Natureza. Exercem o apoio a reprodução da biodiversidade através da polinização das flores. O serviço coletivo das abelhas é uma rotina que a natureza vivencia no Planeta Terra desde o Período geológico Jurássico, há 120 milhões de anos, quando começamos a ter a degeneração dos dinossauros.

As redes constituem um novo modo social de organizarmos as pessoas na sociedade para trocar conhecimentos, experiências, poder, cultura, produzir, comercializar, intercambiar informações e obter resultados.

O QUE SÃO REDES? “Uma palavra que vem do latim “retis”, a partir de significados diversos, pode ser definida como entrelaçamento de aberturas regulares que formam uma espécie de tecido” (SHEILA, 11)

A partir das abelhas podemos pensar num conjunto de pontos interligados com propriedades dinâmicas especificas que caracterizam uma rede como não-linearidade, laços de retro-alimentação, auto-organização, capacidade de operar de forma não hierárquica.

Nas últimas décadas o conceito de Rede é uma ferramenta de organização para um trabalho de grupo de pessoas, instituições, associações, empresas, jovens, mulheres etc. Facilita a inovação tecnológica, sobretudo atualmente na Era da informática.

O significado atual de rede para muitos autores é o de conexões (ligações) de pessoas unidas por idéias e recursos diversos. REDE: um novo jeito de organizar, de atuar, formar parceria e alianças.

Para tanto, a partir de diversas causas, a sociedade civil, os jovens, se organizam para trocar informações, articulação institucional e política e para implementação de projetos comuns. A essência de trabalho em Rede está no relacionamento de pessoa-pessoa. São pessoas que escrevem cartas, conversam em grupos, propõem idéias, compartilham recursos, fecham negócios. São pessoas que têm e transmitem valores (FACHINELLI, MARCON & MOINET, 2001)

A matéria prima da rede é a pessoa. Para que a rede ganhe corpo é necessário um projeto concreto, coletivo, voluntário, que proporcione uma dinâmica especifica. A rede de conexões que aqui tratamos constitui um modelo especifico de rede para juventude, um grupo formado por jovens participantes, autônomos, com propósitos comuns, que são capazes de unir idéias para formar elos e organizar a juventude da região.

Os princípios necessários para formar uma rede social:

Construir confianças - Para construção da confiança as pessoas devem saber como os outros reagem em situação de pressão (desafios). Quando levamos em conta isso, conhecemos os princípios e valores das pessoas.

Compartilhar valores - A cada encontro questionar valores, pactuar compromissos, compartilhar as idéias.

Dar e receber - As pessoas participam da rede, que traz benefícios individuais, mas os interesses da rede e seus objetivos devem estar nos objetivos de cada pessoa e da organização.

Criar produtos, eventos - Trocar informações, e-mail, site, realização de grupos de estudos, promoção de discussão. A comunicação é meio e não fim.

Investir nas lideranças - As pessoas que se destacam têm um maior potencial como construtores da proposta. Não há pessoas e nem organizações uniformes.

Aprender fazendo - Cada rede é uma rede, os objetivos e princípios é que são únicos. Cada rede tem que arriscar fazendo a construção de idéia coletiva.

Sistematização do conhecimento e documentação das experiências vividas – Produzir material escrito, relatar as experiências, ofertar conhecimento, cursos, oficinas.

Para que os conhecimentos sejam colocados em prática necessita-se de mais encontros do grupo, convivência, troca de experiências, realização de eventos de mobilização e sensibilização.

Definir a melhor forma de conectar as pessoas, fazer circular as informações, quando somente pela internet a comunicação se torna fria. É necessário que haja alguém que acompanhe as informações, faça cobrança, seja liderança e represente o grupo.
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Rede de Juventude para Cidadania – RJC
Comissão de Capacitação e Formação
Atividade: MiniCurso de Formação em Movimentos Sociais e Juventude
Carga Horária: 16 h/a

I. EMENTA:

Os movimentos populares como propulsores de avanços sociais na história da humanidade. O movimento juvenil no Brasil e no mundo. Análise da realidade local e regional – posturas e lutas contemporâneas da juventude.

NOTA INTRODUTÓRIA:

Este minicurso, que tem dentre suas características mais relevantes a importância estratégica enquanto pioneiro na nossa região, visa ser uma atividade de caráter teórico-prático que possibilite a criação de um espaço de discussão entre os jovens dos diferentes movimentos sociais que atualmente englobam o projeto de Rede de Juventude para Cidadania. Neste sentido, busca ensejar uma análise crítica da realidade por parte dos jovens, gerada através dos debates, estudos e reflexões, propostos e admitidos segundo as necessidades de cada microrregião ou comunidade. Pretende-se, portanto, ainda como uma introdução de um trabalho bem mais amplo e extenso de formação da juventude para o exercício pleno da cidadania, uma oportunidade de enriquecimento coletivo e pessoal das concepções e visões de mundo dos participantes enquanto sujeitos históricos (protagonistas.

II. OBJETIVOS:

Espera-se através deste minicurso oferecer ao conjunto dos participantes:
Subsídios teóricos básicos no que diz respeito a história dos movimentos sociais, a importância destes na consolidação da democracia brasileira e a luta dos jovens, enquanto sujeitos pró-ativos históricos, por avanços sociais.

Uma análise da realidade em nível local e microrregional, apontando as diversas problemáticas enfrentadas pelo público jovem e as possíveis ações interventivas a serem realizadas pela juventude organizada.
Fortalecimento dos grupos de discussão nos diferentes municípios, através da formação de uma coordenação geral e coordenações locais.

III. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:

Unidade I: Movimentos sociais – Introdução e destaques históricos:
1.1. O que é movimento social?
1.2. Por que movimento social?
1.3. Apanhado geral dos movimentos sociais populares na história mundial;
1.4. Reflexão: O que seria do mundo hoje sem a luta do povo organizado?

Unidade II: Movimentos sociais no Brasil, movimento de juventude:
2.1 Histórico de lutas;
2.2. Destaques em nível nacional;
2.3. Movimento juvenil;
2.4. Importância da participação da juventude nos espaços de decisão.

Unidade III: Análise da realidade de nossa região – problemáticas, perspectivas, emponderamento da juventude:
3.1. Como está nossa juventude?
3.2. Como deveria estar?
3.3. Onde intervir?
3.4. Como intervir?

IV. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS:

Considerando que o fundamento da atividade consiste em promover uma discussão que gere um confrontamento da realidade e o emponderamento da juventude, a metodologia utilizada será direcionada para o entrosamento grupal, a reflexão crítica e associação da teoria apresenta à prática cidadã de cada jovem. Diferentes procedimentos de ensino serão adotados tais como: trabalho em grupo e individual, dinâmicas e material bibliográfico de aprofundamento (em formato digital).

V. AVALIAÇÃO:

A avaliação do participante se dará pela sua produção teórico-prática, efetivada nos grupos de trabalho, e pela participação nos debates e momentos de interação grupal.